Idoso com Covid-19 consegue leito após filho passar 6 dias acampado em frente a UPA de Fortaleza
Estudante universitário chegou a dormir na calçada em frente à unidade de saúde em busca de vaga para o pai. Idoso foi transferido para o Hospital Leonardo da Vinci.
Após o filho passar seis dias acampado em frente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA)
do Bairro Vila Velha, em Fortaleza, o idoso Jocélio da Silva, 62 anos,
conseguiu leito em um hospital da capital cearense. Diagnosticado com
Covid-19, Jocélio foi transferido, na madrugada desta quinta-feira (14),
para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Leonardo da
Vinci, segundo a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). O estado de saúde
dele não foi informado.
O filho do idoso, o estudante universitário Jessé dos Anjos, chegou a
dormir na calçada da unidade hospitalar em busca de uma vaga para o pai.
Jocélio, que é segurança aposentado, estava em tratamento para Covid-19
na UPA desde sexta-feira (8), depois de sentir febre e falta de ar. O
caso do idoso é agravado por comorbidades como hipertensão, diabetes e
uma hiperplasia prostática benigna.
Jessé dos Anjos está dormindo há 6 dias na calçada da UPA para acompanhar o pai — Foto: Reprodução
"Tenho nem
palavras para expressar essa gratidão. Eu tinha rodado o dia todo
procurando hospital. Quando era umas 12h, 12h30, eu estava naquela
angústia, então resolvi voltar para UPA. Cheguei lá e descobri que
estavam esperando a UTI móvel para transferir meu pai. Fiquei
acompanhando de longe até o hospital", conta Jessé dos Anjos.
O filho também recorreu à Justiça para obter o leito e obteve uma
decisão para que o pai fosse encaminhado a um hospital público ou da
rede privada, com custos pagos pelo governo estadual. "O relatório
médico dizia que ele corria risco de morte se não fosse transferido para
UTI, mas disseram que não havia provas para obter o leito. Eu fiquei
bem angustiado. Fui na UPA de novo e liguei para a central de leitos",
lembra o estudante.
Mesmo com o
leito garantido, Jessé segue buscando informações sobre o quadro clínico
do pai. "Eu queria notícias do meu pai, eu não podia jogá-lo no
hospital e voltar para casa", diz. Em nota, a Sesa afirmou que as
informações sobre o estado de saúde do paciente serão repassadas para a
família por meio de ligações.
O estudante ressalta a importância do isolamento social durante a
pandemia. "Muitas pessoas estão morrendo, eu tô me recuperando ainda do
que vi na UPA. Meu pai foi infectado pela irresponsabilidade de outras
pessoas", conta.
FONTE: G1 CE
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